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Palestra semanal - Principais zoonoses transmitidas por carrapatos e avaliação do risco de doenças zoonóticas em estados e biomas brasileiros

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Principais zoonoses transmitidas por carrapatos e avaliação do risco de doenças zoonóticas em estados e biomas brasileiros 

 

 Aluno Douglas Mariano apresentando para membros do CEDIPA

 

           O carrapato é classificado como o segundo maior vetor de doenças humanas e animais no mundo. Sua capacidade vetorial está intimamente relacionado a este atributo. O hábito hematófago é um desses fatores, onde o patógeno é ingerido durante o repasto sanguíneo, se multiplica e se estabelece por tempo indeterminado. Destaca-se ainda, como competência vetorial, os estágios de vida, a quantidade repastos necessários ao seu ciclo biológico, especificidade parasitária, sazonalidade, distribuição geográfica e biológica dos animais.

         São reconhecidos cerca de 825 espécies de carrapatos, divididas em três famílias:

 

          O hábito de ingerir o sangue de vertebrados por pelo menos 3 vezes durante o tempo hábil de vida, torna os carrapatos agentes vetoriais de grande importância, causando severos danos econômicos em variados setores pecuários. Além disso, a transmissão transovariana e transestadial já relatada, são entraves para o combate estratégico desses ectoparasitos, assim como, aumentam as chances de transmissão de patógenos para humanos. 

 

 

         Entre as principais zoonoses transmitidas por carrapatos, destacam-se a Babesiose, Erlichiose/Anaplasmose, Doença de Lyme e Febre Maculosa. As duas últimas, chamam a atenção da saúde pública pela alta taxa de morbidade e mortalidade, porém são tratáveis, se diagnosticadas precisamente e precocemente. O gênero Ixodes é o pricipal transmissor da babesiose - sendo Babesia microti a principal responsável pela infecção. A Erlichiose/Anaplasmose é causada é causada pelas bácterias Erlichia sp. e Anaplasma sp., respectivamente; o principal vetor é o carrapato do gênero Ixodes, assim como na Doença de Lyme.

 

 

          A Febre Maculosa merece destaque, pois essa afecção apresenta altas taxas de mortalidade no Brasil. É causada pela bactéria gram-negativa e intracelular obrigatória, Rickettisia rickettsi. No hemisfério sul é transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma, sendo Amblyomma cajennense o principal vetor. No hemisfério norte é transmitida por Dermacentor spp. (carrapato do cavalo). Os casos se concentram na região sul e sudeste do país. A degradação ambiental, questões econômicas, sociais e biológicas são fatores preponderantes para a ocorrência da doença. 

 

 

           Conlui-se, enfantizando a necessidade de que mais estudos epidemiológicos sejam realizados na região norte, visando ponderar sobre zoonoses transmitidas por carrapatos e outros vetores igualmente importantes, visto que, hipoteticamente, associações parasita-hospedeiros são a fonte primordial para entedermos o interrelação e o processo de ocorrência de zoonoses potencialmente epidêmicas.

 

 

“Destruímos os ecossistemas e liberamos os vírus/bactérias de seus hospedeiros naturais. Quando isso acontece, eles precisam de um novo hospedeiro. Muitas vezes somos nós. Residir sem ser detectado em um hospedeiro reservatório provavelmente é mais fácil onde quer que a diversidade biológica seja grande e o ecossistema seja relativamente intocado. O inverso também vale: a perturbação ecológica faz a doença emergir. Sacuda uma arvore, e dela cairão coisas”

- David Quammen - Infecções de origem animal e a evolução das pandemias

 

Referências:

- SILVESTRE, B. F.; ROSA, A. S.; SANTANA, R. C.; SILVA, L. H. P. CARRAPATOS: ECOLOGIA E DOENÇAS Ciências da Saúde: da Teoria à Prática, v.5, p. 89-100. Atena Editora, 2019.

- FILHO, J. M. Febre maculosa brasileira. Revista de educação continuada em medicina veterinária e zootecnia do CRMV-SP, v15, n.1, p. 31-45, 2017.

- ARAÚJO, R. P.; NAVARRO, M. B. M. A.; CARDOSO, T. A. O. Febre maculosa no Brasil: estudo da mortalidade para a vigilância epidemiológica. Cad. Saúde Colet., v. 24 n.3, p. 339-346, 2016.

- MASSARD, C. L.; FONSECA, A. H. Carrapatos e doenças transmitidas comuns ao homem e aos animais. A Hora Veterinária, v.135, n.1, p. 15-23, 2004.

- PEREZ, C. A.; ALMEIDA, A. F.; ALMEIDA, A.; CARVALHO, V. H. B.; BALESTRIN, D. C.; GUIMARÃES, M. S.; COSTA, J. C.; RAMOS, L. A.; SANTOS, A. D. A.; ESPÍNDOLA, C. P. M.; BATTESTI, D. M. B. Carrapatos do gênero Amblyomma (acari: ixodidae) e suas relações com os hospedeiros em área endêmica para febre maculosa no estado de São Paulo. Rev. Bras. Parasitol. Vet., v.17, n.4, p. 210-217, 2008.

- LIMA, D. S.; FARIAS, E. V. S.; FERREIRA, D. A.; NASCIMENTO, L. E. A.; LUIS, J. A. S.; LIMA, I. O.. Aspectos do gênero Rickettsia: uma revisão sistemática. Educ. Ci. e Saúde, v. 7, n. 1, p. 301-315, 2020.

- EVANGELISTA, L. S. M; OLIVEIRA, A. L.; GOMES, N. R. S.; OLIVEIRA, N. M. S.; SOUSA, L. S.; PEREIRA, A. D. V. Amblyomma spp. E A RELAÇÃO COM A FEBRE MACULOSA BRASILEIRA. Vet. e Zootec, v.28, p.01-15, 2021.

- FRANCO, Caroline Siqueira. A influência dos fatores ambientais na ocorrência de carrapatos (arthropoda, acari, ixodidae) e Rickettsia em área de transmissão e área de predisposição para a febre maculosa brasileira. Campinas, 2018. Tese (Doutora em Biologia Animal) – Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal – Universidade Estadual de Campinas, 2018.

- WINCK et al. Socioecological vulnerability and the risk of zoonotic disease emergence in Brazil. Science Advances, vol. 08, 2022.

- BARROS-BATTESTI et al..Carrapatos de importância médico-veterinária da região neotropical: um guia ilustrado para identificação de espécies. Repositório Butantan, 2006.

 

 

 

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